O efeito Helô

As implicações da pesquisa DataFolha sobre as campanhas eleitorais ainda estão por vir. Mas uma coisa é certa: esta eleição tem um novo e talvez decisivo personagem-chave, a senadora Heloisa Helena.
O que ela reúne em torno de sua candidatura?
1.O descontentamento de setores populares e organizados à esquerda da coalizão que elegeu Lula, diante dos avanços modestos do Governo.
2. O avanço do protagonismo das mulheres na luta contra uma cultura patriarcal ainda muito forte na política oficial, constituindo-se a candidatura da senadora em um ponto de convergência das organizações feministas.
3. Seu estilo pessoal marcado pela sinceridade e simplicidade, evitando retóricas cosméticas na abordagem dos temas que mais causam inquietação a candidatos de esquerda que não querem perder votos nas classes média e rica.
Com esses qualificativos a senadora pode se tornar - como já avaliei em artigo pretérito - um incômodo para um certo triunfalismo da candidatura do Presidente, pois pelo perfil ideológico da senadora, ela tira votos de Lula e não de Alckmin. Não é à toa que o candidato do PSDB está felicissimo com a evolução das pesquisas.
Mas é bom salientar que, em havendo segundo turno, os votos da senadora irão para o Presidente. A questão agora que se coloca é como os estrategistas do Governo vão tratar de definir a linguagem com relação à senadora. Não podem atacar porque ela foi parte do partido que sustenta o Presidente e foi vitima de expulsão sumária. Ou seja, bater em Heloisa é assumir grande risco de desgaste - assim como para Alckmin bater em Lula significa dar tiro no pé.
Mas também sabe que estão diante de quem tem um estilo e apelo popular muito grande, diferente da linguagem tímida e insegura do candidato do PSDB.
Essas variáveis tem de ser consideradas com seriedade. Não há lugar para subestimação. Se Heloisa Helena chegar a um patamar entre 15% e 18%, com certeza a idéia de segundo turno passa a ser inevitável.

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