Visita do Papa ao CMI: gesto de comunhão e cumplicidade para testemunhar unidade



Foto: Vatican News


Hoje foi um dia muito especial para o Conselho Mundial de Igrejas - CMI, em meio às celebrações de seus 70 anos. O mais diversificado organismo ecumênico do mundo, que reune mais de 340 igrejas de diversos matizes, recebeu a visita de um Papa por terceira vez. O primeiro a visitar o Conselho foi o Papa Paulo VI no ano de 1969. A segunda visita foi por João Paulo II, em 1984.

A visita do Papa Francisco acontece em uma especial conjuntura não somente da festa do CMI, mas principalmente de uma confluência de pautas entre as principais tradições cristãs em torno de uma agenda afirmativa em torno do meio ambiente, da superação das desigualdades e da superação de políticas de exclusão em relação aos refugiados.

O Conselho Mundial de Igrejas foi, por muitos anos, o laboratório de uma ação articulada na promoção dos direitos humanos, na emancipação de nações da tutela imperialista e na luta pelas liberdades democráticas. Nesta última, é notória a relevância da ação do Conselho no processo de abertura democrática no Brasil.

A visita ao Conselho é um claro recado do Papa Francisco aos setores conservadores do catolicismo e do protestantismo que tem abertamente apoiado o recrudescimento de forças políticas conservadoras. Na União Européia, nos Estados Unidos e na própria América Latina temos assistido a ascensão de forças políticas ultra-conservadoras, aliadas de um modelo econômico que amplia a distancia entre pessoas ricas e pessoas pobres e estimula políticas protecionistas e xenófobas.

Certamente nenhum acordo foi assinado nessa visita. Nenhum documento formalizando alguma agenda formal entre o Vaticano e Genebra. Mas, para além de qualquer compromisso formal, Francisco deixou um recado claro e inequívoco: a caminhada do Cristianismo no século XXI depende da capacidade de se criar uma agenda propositiva de diálogo, de ações conjuntas e que priorize as pessoas pobres, desinstaladas socialmente e vulneráveis em uma sociedade que privilegia a desigualdade e não a solidariedade.

Uma visita muito especial que tem um importante significado ecumênico e que, segundo o próprio pontífice, aponta para um caminho de cooperação, de trabalho conjunto. Afinal, caminhar, orar e trabalhar são as ênfases assumidas pelo CMI nas comemorações de seus 70 anos. O papa veio dizer que também está neste caminho.


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