Um Primaz de primeira viagem...

Gostaria de compartilhar a alegria de ter vivido minha primeira visita como Primaz ao Recife. Certamente que vivi a experiencia vivida por tantos que me antecederam neste oficio: a certeza de que este é um serviço para o qual sempre devemos estar cientes da necessária humildade para cumpri-lo.
Vivenciei a experiencia do famoso frio na barriga e enquanto estava dirigindo meu carro até Porto Alegre e daí, dentro do avião para a capital de Pernambuco, pensava em como seria esta experiência de um Primaz em sua primeira viagem.
Fui muito bem acolhido e carinhosamente acolhido pelos irmãos e irmãs da diocese. A começar do aeroporto com os braços abertos dos bispos Sebastião e João Peixoto. Senti o cuidado comigo por parte de todos. Viver o retiro abençoado com a presença de colegas bispos foi muito animador. Foi um momento muito especial de compartilharmos as exigências e bençãos do ministério episcopal  com nosso mais novo bispo. 
Na sexta-feira, junto com os bispos, tivemos uma reunião com o clero e lideranças diocesanas. Um momento de constatar a maturidade da Diocese Anglicana do Recife que - conforme foi destacado - pela primeira vez viveu uma experiencia de completo consenso e unidade em um processo sucessório. Ver um povo mostrar seu carinho ao bispo Sebastião neste momento que passa a liderança pastoral ao seu sucessor é sinal que vivemos tempo de saudável tradição. A pregação de Dom Mauricio foi pontuada pelo estimulo ao novo bispo de sempre buscar a verdade e sempre ser fiel dispenseiro do ministério que Deus lhe concedeu através da Igreja. E aí também se visibiliza a tradição sadia na Igreja: o antigo Primaz agindo com absoluta naturalidade e respeito ao novo Primaz e sempre atento para ajudá-lo no exercício de seu novo ofício, revelando assim que não somos eternos nem auto-suficientes em nossas funções. O respeito e a comunhão entre os bispos presentes me ensinaram ainda mais sobre a sacralidade de cada um de nós e daquilo que estávamos fazendo em nome de Deus.  Ali, cinco bispos estavam fazendo  o que vem acontecendo ao longo dos séculos, permitindo que a Igreja seja renovada através deste ministério. E isso do mesmo modo como antes outros bispos fizeram conosco e no qual caminhamos com nossas virtudes (tão poucas) e nossos limites (tão grandes) em serviço ao povo de Deus. 

De tudo que vivi nestes dias preciosos ficou algumas impressões:
 1. que a humildade é a principal mestra para nossos espíritos, pois ela nos ensina a depender dos outros e compreender que a auto-suficiência é perigosa sensação.
2. que quando agimos em comunhão uns com os outros, Cristo realiza a sua obra.
3. que a maior alegria que podemos sentir em nosso ministério episcopal é ver o povo aproximar-se ainda mais de Deus, não por causa de nós, mas apesar de nós!

Espero sempre Deus me conservar este sentimento de interdependência com meus irmãos e irmãs e de dependência da graça maravilhosa de Cristo! Isto me faz lembrar uma antiga canção clássica que embalou muitos cristãos no passado: 

"Graça! Quão maravilhosa graça! Como o firmamento, é sem fim! É maravilhosa, é tão grandiosa, Tão sublime e doce para mim! É maior que a minha vida inútil, Mais profunda que o imenso mar". 

++Francisco

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