Dia Internacional de Combate à Corrupção

Hoje é o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Por aqui no Brasil não se fala muito nisso e penso ser lastimável esse desconhecimento. Afinal, comprovadamente, a corrupção é responsável pelo desperdício de boa parte do PIB de nosso país, construído a duras penas pelos trabalhadores e trabalhadoras que todo santo dia vive na corda bamba entre garantias e perdas de direitos e ainda tem que sustentar uma máquina estatal faminta de impostos.  E, sem sombra de dúvidas, os impostos arrecadados no Brasil seriam capazes, se bem geridos, de garantir uma boa qualidade de vida para nosso povo em termos de direitos sociais básicos.
No entanto, graças ao que alguém chamou de "cultura do levar vantagem", os impostos se diluem em corredores burocráticos, em processos licitatórios duvidosos e até mesmo nas comissões de intermediação política, tudo em nome da amizade e dos favores sub-reptícios. Alguém deve estar pensando que dirijo meu discurso aos políticos apenas, não é? A eles também certamente. Mas neste tácito acordo entre partes interessadas, coloco também segmentos privados que, à guisa de conquistar contratos, oferecem os mimos - e que mimos - a quem tenha o olho e a cobiça maiores que o senso de serviço público.
A corrupção destrói o tecido social de forma vergonhosa e sorrateira. A princípio sob o manto de troca de vantagem financeira entre alguns parece não afetar tanto, mas suas consequências são piores do que uma arma de destruição em massa.
Segundo dados de organismos internacionais que monitoram as consequências da corrupção, diariamente no mundo se esvaem três bilhões de dólares através de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, propina e outras vergonhosas transações financeiras envolvendo agentes públicos e privados. Uma farra que impede que, no mundo, mais de 1 bilhão de seres humanos alcancem o mínimo necessário para comer o suficiente.
Segundo a Christian Aid, organização ecumênica internacional, somente com casos de evasão de impostos, estima-se que no mundo, cada dia, 230 crianças morram de fome. Os dados deste organismo se referem a corporações internacionais que usam dos artifícios legais para isentar-se de impostos, ou seja, uma operação aparentemente legal, mas danosa para as políticas sociais de governos de países onde estas corporações ganham dinheiro, mas se eximem de pagar taxas sobre remessa de lucros.
No Brasil, estamos fartos de ver o desperdício de recursos para investimentos em infraestrutura, em saúde, em educação e outros serviços básicos para a população. Diariamente vemos e ouvimos denuncias de favorecimento ilícito entre agentes públicos e privados, causando prejuízo à população. Por mais que se criem instrumentos de fiscalização sobre gestores públicos continuam os desmandos. É preciso mais rigor e ritos mais sumários para apurar e definir responsabilidades de gestores públicos e privados, punindo aqueles que cometem crimes não apenas contra o sistema financeiro mas, principalmente, contra a sociedade. O combate à corrupção passa igualmente pela consciência cidadã de fiscalizar mais, de exigir mais transparência e de agir também contra a cultura do "levar vantagem".
Que nossa sociedade crie coragem e assuma de vez a luta contra a corrupção onde quer que ela se manifeste. A começar de casa, onde muitas vezes educamos nossos filhos a sempre levar vantagem.

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