O dom da espera

 

A leitura do Evangelho de hoje nos aponta algo muito especial. O domingo da Ascensão nos mostra a recomendação de Jesus antes da benção e de sua subida aos céus para estar à destra do Pai Materno. Depois de concluir a obra completa de reconciliação entre o Criador e a criação inteira, através de sua cruz  e ressurreição, agora é hora de comissionar seus discípulos e discípulas a anunciar a boa nova ao mundo inteiro.

Só que tem um detalhe. Jesus diz que eles receberão poder do alto mas não diz nem o dia nem a hora. A comunidade vai para Jerusalém, se reúne para orar e aguardam. A liturgia tem um caráter catequético e por isso temos essa lacuna de 10 dias entre a Ascensão e o Pentecostes, exatamente para nos proporcionar esse tempo de espera. Uma espera que qualifica o cronos com o kairós.

Eu costumo comparar esse lapso de tempo com o que vivemos no Sábado Santo. Um tempo onde vivemos à espera entre o que é esperado como certo mas que ainda não se manifestou. É um tempo de silente oração. Vivemos numa sociedade que vive a lógica do cronos. Tudo é esperado para já, imediatamente! Na política, nos negócios, na vida e trabalho diários vivemos a pressão por resultados e eficiência. 

Esta não é a lógica do Reino de Deus. Que Ele nos dê a serenidade de confiar e viver uma espera expectante. Domingo que vem viveremos a festa de aniversário da Igreja. As línguas de fogo aquecerão nossos corações e nos farão perder a timidez para anunciar as coisas maravilhosas que nosso Deus quer realizar através de nós, apesar de nós!

Francisco, Santa Maria

(Resumo do sermão partilhado hoje na Paróquia St Lawrence, Brockville, CAN)

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