Integridade da Criação: compromisso batismal e político





 Neste 04 de outubro devemos afirmar com toda convicção a necessidade de cumprirmos o compromisso batismal que nos convida a  "salvaguardar a integridade da Criação".

Já passamos da hora de levar a sério os alertas dos cientistas de diversos campos a respeito do aquecimento global, dos extremos climáticos, da extinção de espécies e biomas, sempre por ação de seres humanos. As sucessivas Conferências sobre o Meio Ambiente, ao longo de décadas tem levantado desafios, feito indagações muito precisas aos lideres de nosso planeta, sem no entanto obter respostas verdadeiramente concretas para o enfrentamento da questão.

A perspectiva antropocêntrica e elitista das políticas adotadas pelos governos, tem causado a ampliação das desigualdades, crescimento da escassez de alimentos, restrição de direitos às populações, e perda da qualidade de vida como um todo. 

Os meios naturais de produção tem sido mercantilizados dentro de uma lógica expropriatória que visa apenas o lucro imediato sem pensar nos impactos sobre a vida das pessoas e dos seres animados. E aqui faço a critica de uma teologia que se afirma puramente antropocêntrica desprezando uma perspectiva mais sistêmica ecocêntrica. 

Na ótica de Francisco, tudo está conectado e tudo tem uma origem diretamente instaurado pelo logos  divino. Somos seres especiais mas nossa integridade depende da integridade dos outros seres e da naturalidade e funcionalidade dos processos vitais. 

A Criação vive de relações, assim como nossos corpos. Na perspectiva africana Ubuntu significa essa pertença que nos torna um com todos os outros seres. A identidade, entendida aqui como existência plena e digna, depende da comunhão com todos e todas. Entender isso é mais que fé: é pura inteligência!

Infelizmente as pessoas que detêm os mecanismos de poder estão comprometidas com politicas de expropriação do meio ambiente que privilegia uma logica individualista, consumista e imediatista. Os recursos naturais estão sendo expropriados à exaustão. As politicas econômicas estão criando cada vez mais pessoas pobres. Até os animais estão sofrendo as consequências de tanta gestão desrespeitosa. 

Esta menção aos animais e outros seres vivos lembram bem o jeito de Francisco de entende-los como criaturas irmãs. Criaturas que se alegram conosco mas que também sofrem as consequências do mau uso da Criação. Que possamos aproveitar esse Tempo da Criação, para refazermos o nosso compromisso batismal e político com a integridade da Criação. Menos exploração! Mais amor!

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