Voto e representatividade: uma equação que nem sempre dá resultado exato!


Costumamos  criticar o sistema eleitoral americano com um certo ar de superioridade política. 

Ele é realmente complexo e até para entende-lo precisamos de calculadora. As últimas eleições americanas revelaram que nem sempre quem tem mais votos do eleitores, levam a melhor. Isso tem levantado diversos questionamentos ao sistema eleitoral e inclusive a judicialização de alguns pleitos. 


Mas deixe-me dizer que o nosso sistema não tem nada de perfeito. Ademais de sua natureza eletronica, o sistema brasileiro é um dos mais eficientes, tecnicamente, do mundo. Mas não é imune a riscos, como por exemplo neste pleito que recém foi concluído com várias horas de atraso, por primeira vez em muitos anos.


Aqui, no entanto, quero tratar da questão da legitimidade. O caso de Santa Maria é um caso que merece ser seriamente estudado por uma particularidade gritante: a candidato do PSOL, Alice Carvalho, foi a mais votada na eleição. Obteve expressiva votação com 3.371 votos, o que representa 700 votos acima do primeiro vereador eleito para a Camara de Vereadores. Nem isso lhe garantiu uma vaga. Além do mais, teve vereador que não recebeu voto nenhum (nem o próprio) e foi qualificado como suplente. Alice foi qualificada como não eleita.


Ac conclusão a que chego é que o sistema de eleições proporcionais vigente em nosso país é destinado a excluir os pequenos. A matemática está, nesse caso, a serviço dos grandes partidos e das classes dominantes, pois elas podem apoiar candidaturas somente para fazer número e garantir alcance de quociente eleitoral.


Isso põe em cheque o sistema representativo. Ele tem terríveis vícios. Precisa ser repensado. De qualquer forma, a votação obtida pelo PSOL em Santa Maria, representa uma força política que enfrenta com muita dignidade um sistema eleitoral machista, racista, elitista e que mantém nos aparelhos de Estado (municipalidade) um Legislativo conservador, apoiado por forças que continuam a ignorar os anseios da classe trabalhadora e da periferia. A ponto de termos também uma triste conjuntura de segundo turno onde a diferença é apenas entre tons de um cinza que não aponta pra mudanças significativas e qualitativas nesta cidade.


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