Preconceito mata! É hora de incluir!

Tenho acompanhado o debate acerca do projeto de lei 9091/2020, em discussão na Câmara Municipal de Santa Maria, que trata de uma política afirmativa em favor da inclusão plena das pessoas LGBTQI+ na Escola.

Primeiramente quero externar meu apoio a esta iniciativa porque ela se volta a promover a superação da sistemática exclusão e violência contra esta comunidade.

Como se sabe, esta comunidade sofre sistemática violência física, psicológica e simbólica por parte de uma sociedade que ainda não eliminou o preconceito de gênero, de classe e de cor.

Mas o que mais me surpreende nos debates na Câmara é a invocação de argumentos de roupagem (isto mesmo, roupagem) religiosa para descaracterizar o referido projeto. 

Utilizar argumentos de caráter religioso significa violar primeiramente o princípio da laicidade do Estado, segundo o qual nenhuma convicção religiosa deve anteceder a adoção de políticas públicas, já que a sociedade e seus cidadãos e cidadãs o são por sua condição política e civil e não por sua profissão de fé.

Um outro ponto que merece minha consideração é a maneira como alguns vereadores invocam argumentos de uma perspectiva cristã para justificar a sua oposição ao projeto. Contra isso, argumento como cristão anglicano e bispo diocesano que esta justificativa não tem fundamento no Evangelho. Em nenhum ponto do Evangelho se encontra qualquer justificativa para continuar excluindo pessoas que têm seus direitos fundamentais desrespeitados.

Santa Maria assiste impassível a violência contra as pessoas LGBTQI+, com assassinatos (somente entre o ano passado e este ano já aconteceram 4 assassinatos de travestis), além do preconceito sistemático que esta comunidade sofre no cotidiano de suas vidas, excluídas como se fossem párias em todas as instâncias da sociedade. E a Escola é um espaço onde, conforme o Relatório publicado pela Assembléia Legislativa sobre a violência contra as pessoas LGBTQI+, esta violência tem sido contínua.
 
Escola é lugar de formação de cidadania. E não podemos construir cidadania sem respeito à todas as pessoas. Nenhuma sociedade alcança maturidade política enquanto alguma pessoa tiver sua dignidade desconsiderada.
Para além de todas as contradições sociais que vivemos em nossa cidade, não podemos continuar escondidos atrás de preconceitos e negando dignidade a pessoas que tem direito à respeito e dignidade.

Minha palavra de apoio à iniciativa e que Santa Maria avance na inclusão social, seja entre classes, etnias e gênero!

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