D. Cappio e seu testemunho sobre a transposição do S. Francisco

Ouvi uma profunda reflexão do bispo Luiz Cappio sobre a crise da água.Um homem que fala com autoridade e paixão sobre o tema da água e sua militância política e espiritual contra o maga projeto de transposição do Rio São Francisco.

O processo de destruição do Rio vem a galope. Em 1928 a vazão média do rio era de 3.000 metros cúbicos por segundo. Hoje essa vazão está em 600 metros cúbicos. O represamento ocorrido desde a década de 40 é o grande responsável por essa perda de vitalidade do rio.  O projeto de transposição não garante em nenhuma hipótese a qualidade de vida dos ribeirinhos. Os grandes beneficiários serão as minorias e seus conglomerados financeiros, ávidos pelo monopólio da água e das terras da região. Abaixo, algumas das principais assertivas da fala do bispo Cappio:

"É preciso respeitar a natureza. Ela merece o cuidado. Os projetos grandiosos em torno do quais se aglutinam forças excusas enganam o povo e o submetem ainda mais aos interesses de uns poucos em troca da miséria de muitos. Não basta dizer não ao projeto de transposição do Rio São Francisco e a outros projetos como Belo Monte. Precisamos de uma política de desenvolvimento que garanta os recursos naturais e ainda mais o bem mais valioso que temos: a água. Ela é patrimônio de todos os seres vivos e não apenas do gênero humano.

A declaração ecumênica da água é clara na sua afirmação de que a água deve ser um bem universal e cuja gestão seja social.

Precisamos pensar e construir um futuro em que todos tenham pão para comer, água para beber e terra para trabalhar. Este é um grito que vem de um pastor que vive no sertão e que deseja que seu rebanho tenha vida com decência. É preciso espantar os lobos vorazes que buscam vítimas para saciar a sua fome mesquinha.O projeo do governo se constrói sobre falácias e com uma forte propaganda contra a qual é preciso estarmos juntos.

Quand concluimos o primeiro jejum, nos reunimos com o governo e com organizações sociais para buscar alternativas. Unilaterlamente o governo saiu do diálogo. O Atlas do Nordeste - publicação do próprio governo - nos trouxe opçoes de projetos. O projeto de transposição pelo qual o governo optou está orçado em 20 bilhões de reais e está sendo financiado com capital privado de grupos internacionais. Foi por essa indiferença e autoritarismo que optamos pelo segundo jejum.

O planeta é este imenso campo e o povo é um imenso rebanho que precisamos cuidar. Se nada for feito, em trinta anos teremos cerca de 40 países estarão com serios problemas de abastecimento de água, com impactos incalculáveis sobre seus povos". 

Foi uma experiência muito impactante ouvir ao vivo e captar a paixão de D Cappio pelo povo ribeirinho e em como ele encarna a mensagem que busca difundir pela defesa da natureza, do rio e da água como um todo.

Fica o desafio para as Igrejas e para a sociedade como um todo de pautar como prioritária a agenda da defesa da sustentabilidade ambiental.

Posted via web from conxico's posterous

Comentários

Ann disse…
Congratulations on your election

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