Tributo a Dieguito: famoso sim; alienado não!

 O cara era um gênio da bola. Uma personalidade forte e um perfil que tinha a façanha de não se enquadrar em nenhum modelo fixo. Enquadrar Maradona e tirar uma fotografia fixa era como fotografar borboletas ou mesmo pássaros: tinha que ser muito hábil. Ele tinha a mesma facilidade de driblar seus adversários no campo como teve na vida diante da marcação cerrada que lhe fez a mídia.

Como um bom argentino, tinha sangue fervente e as emoções não obedeciam muito a razão. Materializou por anos a imagem de um herói nacional, quase um Atlas vestido de azul e branco. E, embora isso não signifique que seus companheiros fossem medíocres, Maradona sempre era aquele que resolvia a parada. Por onde passou, causava admiração por seu talento com a bola.

Suas origens na periferia de Buenos Aires nunca deixou de marcar a sua biografia. Dali para o mundo da fama foi um crescente, mas a sua memória e sua opção política nunca o deixaram esquecer que a política tem de ser feita pensando nos pobres. E foi isso que incomodou a mídia sempre. 

A mídia gosta de domesticados. Atletas que esqueçam a sociedade de classes e se rendam ao consumismo, à uma cosmetologia que o transforme em garoto ou garota propaganda da meritocracia capitalista. De preferência que não tenha visão política progressista e seja insosso em termos de projeto de sociedade. O ídolo argentino não se enquadrou nesta forma e sofreu muito preconceito disfarçado de moralismo, especialmente com relação às suas adicções. A mídia adora um jogador ou jogadora que se encha de ouro pendurado no pescoço, carros caros, roupas de marca e por ai vai! 

Quando eu vi o choro de Casagrande quando da notícia da morte de Maradona me comovi profundamente. Era o que se costuma chamar de autentica irmandade entre duas pessoas que estão ligadas pela mesma dor. A Globo foi desrespeitosa com Maradona, porque o julgou por suas opções políticas e por sua adicção. A militância política dele incomodava muita gente. Na hora da fama a mídia aparece. Na hora do sofrimento a mídia some.

Só que esta militância de Maradona era o coração batendo no peito do guri da periferia que não se vendeu ao capital. Sua admiração por líderes socialistas. Suas tatuagens homenageando Che e Fidel era mal vistas por quem apenas queria usar a sua imagem de habilidoso jogador. 

Foi isso que fez Maradona ser um ídolo nacional. Poderoso e frágil. Luz e sombra. Assim o foi. As manifestações emocionadas de todo um povo foi um grande presente que sua alma carregará para sempre. Adios Dieguito!! Que la mano de Dios te lleve!


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