Lições (não aprendidas) do 11/9

Passados cinco anos da tragédia das torres gêmeas, o mundo não apresenta nenhum sinal de mudança qualitativa na maneira como o poder é gerenciado. Ao invés de gerar a necessidade de diálogo entre os atores antagônicos da modernidade, o 11/9 gerou ainda mais ódio e empáfia.
Os inúmeros ofícios memoriais realizados nos Estados Unidos na segunda-feira, como gestos de reconhecimento ao sacrifício de tantos inocentes, na verdade poderiam ser muito mais profundos e autênticos se viessem acompanhados de gestos de reconciliação. Se os mortos pudessem ser ouvidos, certamente estariam dizendo: deixem de hipocrisia! Não nos usem para gerar ainda mais ódio!Não nos usem para justificar a guerra santa contra os representantes do Mal, porque o Mal não está nos inimigos, mas em vocês mesmos, nos sentimentos mais profundos de cada um de vocês!
Meia década depois, temos muito mais viúvas e órfãos do que aquele(as) que perderam seus parentes no World Trade Center. Afeganistão, Iraque, Cisjordânia, Líbano,.... experimentaram e ainda experimentam as consequências de uma vingança dirigida erga omnis, sem nenhum sentimento de culpa.
O mito de Narciso continua ativo. O pensamento unilateral continua prevalecendo, seja pela ideologia, seja pelas armas. E o mundo vive cada dia mais inseguro, gerando a neurose da pós-modernidade: o medo do totalmente diferente. Terminaremos, como humanidade, definhando como Narciso diante do reflexo de sua própria imagem?
Espero que não.
As lições do 11/9 ainda estão por serem introjetadas na humanidade. A ausência das torres físicas deveriam gerar um mundo onde a profundidade teria maior importância que a empáfia das alturas. Mas parece que logo logo vão substituir as torres antigas por uma ainda mais alta - olha aí Narciso - e ainda chamarão esse simbolo fálico de Liberdade. Resta saber qual....ou para quem!

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