Legitimidade Zero

As recentes atuações da Polícia Federal e a descoberta da chamada Operação Sanguessuga revelam que vivemos uma crise institucional que já extrapolou todos os limites de tolerabilidade. Mal saímos do espetáculo do mensalão, agora surge o espetáculo dos sanguessugas. Um rastro de rapina da República que pode envolver quase um quinto do Parlamento. Pelo menos 62 parlamentares são citados nas investigações.
E ainda ouvimos um senador da República declarar em público que o Congresso não pode ser desmoralizado por um cidadão que tem se furtado a comparecer à CPI que preside.
Ilustre senador, este Congresso já está desmoralizado. Vivemos uma institucionalidade do faz de conta, como bem disse o Ministro Mello, em sua posse como Presidente do TSE.
Até quando neste país o dinheiro público vai ser apropriado em detrimento dos excluidos? Até quando essa briga de egos políticos vai manipular a opinião pública, fazendo da mídia um palco para uma péssima versão de um Estado Espetáculo?
Não bastam as eleições para renovar as lideranças políticas em nosso país. É preciso dotar a sociedade de mecanismos que possam demover qualquer servidor público de se aproveitar de uma institucionalidade formal para se eximir de suas responsabilidades.
O corporativismo da classe política tem sido desavergonhadamente exposto diante da opinião pública. Os recentes processos de absolvição de parlamentares envolvidos no mensalão atestam uma falta de respeito à sociedade, tripudiando de suas aspirações e de seus impostos. Tem até parlamentar que acintosamente comemora as absolvições de forma debochada.
Mas não faltam dedos em riste. Como aqueles que mostraram na história recente da República dois notórios senadores se chamando de ladrões, em plenário, e exibindo indicadores acusatórios com provas de crimes contra a administração pública.
Nossa República merece coisa melhor! A Sociedade brasileira precisa efetivamente de mecanismos legais para decretar o ostracismo desses que fazem da política um meio de vida! E esses mecanismos não podem se restrngir a ir a uma cabine de votação e votar. É preciso se dar um salto de qualidade no controle social! Quem sabe, um pequeno passo transformador não seja acabar com as malfadadas emendas de parlamentares à proposta orçamentária? Para que serve isso, afinal? Trata-se de um disfarçado instrumento de propaganda política onde os parlamentares buscam atender interesses de seus aliados políticos, garantindo com isso a subserviência dos eleitores.

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