Eleição Presidencial: Os desafios da estratégia do Presidente (III)

Nos artigos anteriores comentei sobre as variáveis econômica e religiosa no embate eleitoral que vamos viver até a eleição. E como a estratégia de campanha do Presidente deverá enfrentar esses desafios.
Aqui analiso o perfil de "bom moço" que tem o candidato Alckmin. Um dos mais tensos pontos da campanha eleitoral deste ano será a vitrine da ética. E nesse ponto é bom saber que o Presidente não tem sido beneficiado. A crise em torno de denúncias de corrupção e de práticas ilícitas de assessores tem mantido Lula no canto do tabuleiro. Os peões da oposição ocuparam o centro do tabuleiro, adquirindo visibilidade na mídia e encurralando o Governo de forma sistemática. Bispos e Torres foram atacados, caindo inclusive a Torre Palocci, fazendo crer que a derrota se tornaria inevitável.
Mas surpreendentemente o Presidente parece inatingível. A recente pesquisa Datafolha revelou uma variação para menos dentro da margem de erro, o que representa estabilidade.
Qual a causa de tanta força? Porque o candidato do PSDB não consegue avançar, como o "bom moço" da campanha, sobre quem não pairaria suspeitas no campo da ética? Exatamente porque a opinião pública tem uma percepção afetiva distinta dos dois candidatos. Lula tem um histórico de pobreza e construiu sua trajetória pessoal em meio a um rígido processo de exclusão, patrocinado exatamente pelo segmento social ao qual pertence o candidato do PSDB. O personagem Lula foi talhado pela sobrevivência e o personagem Alckmin foi talhado pela supervivência.
As denúncias de exageros consumistas por parte da mulher do candidato do PSDB causam esse tipo de reação afetiva, especialmente nos setores mais pobres da população e até mesmo em segmentos da classe média. Nenhum político pode se dar o luxo de apresentar um estilo de vida ostentatório. Isso choca e desperta além da inveja - o mais atávico sentimento humano - a necessidade de purgação ética de quem não demonstra ter escrúpulos em parecer rico.
Some-se a isso as denúncias de favorecimento econômico e político que o governador de São Paulo usufruiu, as quais se encontram sob fogo cerrado até mesmo de naturais aliados.
O caso da NossaCaixa e o contrato de publicidade com uma revista de acunputura são apenas alguns dos mais recentes episódios que chamuscam a imagem de um candidato que até agora era um importante baluarte de ética pública.
O curioso é que, contrariamente ao que se esperava, essas denúncias fizeram sua candidatura estacionar (dentro da margem de erro), tendo no seu encalço o crescimento da candidatura de Garotinho. Fala-se inclusive na possibilidade de Serra entrar novamente no páreo, contribuindo ainda mais para passar a imagem de que o partido não tem um desejável gráu de consenso para enfrentar o Governo.
Resta ver o que vem nessa semana com a pressão que a oposição vai fazer sobre outra Torre: a de nome Bastos. Se essa pressão não conseguir identificar ramificações diretas com o 3º andar do Palácio, vai ficar difícil para a oposição reunir forças para evitar a reeleição.

Comentários

Marco Aurélio disse…
Xico

Que tal fazer uma enquête com o nome destes candidatos da pesquisa do datafolha, com votos brancos e nulos e com algum candidato de gozação ?

Um abraço

Marco Aurélio
Marco Aurélio disse…
Xico

Que tal fazer uma enquête com o nome destes candidatos da pesquisa do datafolha, com votos brancos e nulos e com algum candidato de gozação ?

Um abraço

Marco Aurélio

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