Haja fôlego!

O deputado José Dirceu está se tornando um caso paradigmático em meio à crise política que se abateu sobre o País desde o meio do ano. Com certeza, sua sobrevivência política já está deixando muito de seus adversários à beira de um ataque de nervos.
Evidentemente que isso não significa um atestado de sua autêntica inocência, sobre o que a maioria dos seus pares na Câmara já se manifestou em enquete recente: a maioria dos parlamentares votaria pela sua cassação.
Mas significa uma outra coisa: a capacidade de resistir à pressão política e do uso de todos os meandros jurídicos à disposição para manter o seu mandato.
Muitas vezes o afã de julgar politicamente um parlamentar leva as CPIs e o Comitê de Ética da Câmara a cometer erros de procedimento primários. E ai, uma boa assessoria jurídica pode prorrogar de forma incômoda o final do processo. A mais recente vitória do ex-ministro foi dividir o STF. Ainda que venha a ser derrotado pelo voto que falta, José Dirceu ganhou fôlego e força política.
Isso pode até significar a salvação de seu mandato, porque sua determinação em defender o mandato até o último minuto pode significar uma presunção de que realmente está sofrendo um julgamento político, uma revanche daqueles e daquelas a quem ele tanto incomodou no exercício das funções de chefe do Gabinete Civil do Governo.
A própria mídia está mudando a postura com relação ao deputado: basta ver a cobertura que foi dada ao ato de solidariedade a ele, realizada inclusive com a presença do Vice- Presidente.
Não entro no mérito de que o deputado seja culpado ou inocente. Mas percebo que o fôlego demonstrado por ele está ultrapassando as expectativas e, dessa forma, enfraquece os seus algozes políticos.
Uma coisa é certa: à luz de Maquiavel, se Dirceu sobreviver, os seus inimigos vão receber um trôco. Aqueles que o abandonaram à própria sorte, elegendo-o como símbolo do mensalão e salvando a própria pele pelo foco na pessoa do deputado, devem se preocupar. Até o Presidente Lula pode receber aquilo que menos deseja.
E porque cito Maquiavel? Porque José Dirceu conhece muito bem sobre estratégias de uso do poder. Ele é um adversário que ou se vence ou se é destruido por ele.
Resta ver se o fôlego que ainda sustenta o ex-ministro é exatamente aquele que venha faltar depois para os seus adversários!

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